terça-feira, setembro 21, 2010

Artigo de Opinião










Eu e o Jornal
por José Manuel Rodrigues



Nada me move contra o Jornal da Madeira. Antes pelo contrário, ligam-me a este periódico laços de afecto e de gratidão.
Foi no Jornal que comecei a minha carreira profissional de jornalista em 1978 e guardo desses tempos gratas recordações, particularmente, de algumas pessoas que deram muito ao jornalismo e à política na Madeira, mas que já não se encontram entre nós, como são os casos do poeta José António Gonçalves e do Professor Eleutério de Aguiar. Nesses tempos o Jornal era propriedade da Igreja, dava lucro e era um espaço de liberdade e de pluralismo entre as correntes democráticas. Infelizmente, a entrada do Governo Regional no capital da empresa só trouxe problemas ao Jornal e despesa ao contribuinte. Nestes últimos anos a Região injectou cerca de 44 milhões de euros no JM e as sucessivas gestões governamentais conduziram a empresa à falência. Os jornalistas perderam a liberdade de informar e de um jornalismo plural passámos a uma informação tendenciosa, governamentalizada e pior do que isso alinhada com o PSD.
A igreja, necessariamente, plural e onde convivem cristãos de várias correntes políticas, perdeu um espaço de afirmação da sua doutrina e dos seus valores. O Governo Regional e o PSD usurparam a liberdade aos jornalistas e a orientação do Jornal à igreja. O JM passou a ser uma arma de arremesso do partido do poder contra as oposições e contra outros órgãos de imprensa escrita, distorcendo a concorrência, com dinheiros públicos, e pondo em causa o pluralismo da informação na Madeira. É por isso que o meu combate não é para diminuir o Jornal. O meu combate é para devolver a liberdade aos jornalistas, libertando-os do jugo do poder e das ordens da Quinta Vigia. O meu combate é tornar a ter um jornal independente e isento que respeite a sua história e os valores cristãos que o inspiram.

Só no dia em que isso acontecer é que o JM poderá ser viável, garantir os postos de trabalho e deixar de ser um sorvedouro dos dinheiros públicos que distorce a concorrência e põe em causa a viabilidade de outros projectos jornalísticos.
É por este Jornal livre e plural, orientado pelos melhores valores cristãos, que vale a pena lutar.